sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

ALMA PENADA

raposa vespertina
com o poente esfriando na retina
fareja por comida

raposa rapina,
dando o bote que o instinto ensina,
filho ou filha

raposa repentina
dá mais uma baixa, na surdina.
Na boca, uma cria

raposa canina
corre como se engatasse uma turbina
ao ouvir insana matilha.

raposa menina
distraída se assusta com a buzina
no meio da pista

raposa lupina
ao encher-se de lua desatina
uivando sozinha

raposa clandestina
tem na clandestinidade sua sina,
caça sangue, não vinha

raposa solferina
baila no breu babando. Salina
de suor, masca e saliva

raposa cretina
traz além da boca assassina
o silêncio da fome sombria

raposa calada
é a morte roendo a ossada
atrás da vida acossada

raposa ferida
pelo chumbo da arma homicida
não chora, só manca e esfria.


                                     poema de junho de 2013 

Nenhum comentário:

Postar um comentário