quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

SONETO SACANA

Entre suas coxas descubro outra boca
A qual beijo e sou beijado sem pudor
E minhas calças fazem volume e furor
Semelhante quando a beijo na boca.

Beijo a cicatriz fruto de sua vaidade
E subo pelo seu ventre até suas tetas.
Após mamá-las, faço ali minha cidade,
Beijando-te com a boca pura boceta

E alcanço teu pescoço feito um vampiro,
Lambendo e chupando, açulando os caninos...
Você geme entregue, sacrifício, e louca

Voa no meu pescoço, chupa meus mamilos,
Baixa minhas calças, solta meu passarinho
Que, quando vejo, voa no céu da sua boca.

BORBOLETAS NO LENÇOL (VESPERTINA VERANEIO)

Andorinhas andorinham perto de casa
O cerol, do papagaio, tirou a asa.
No varal, as estampas no lençol
Voam sacudidas pelo vento
Nada lento um temporal trazendo
Que, da molecada, tirou o sol.
Ela tampa os ouvidos
Devido o trovão ainda relâmpago.
Ela me abraça a cada estampido;
Abraçado, escuto o ocorrido:
É trovão o que foi relâmpago.
A chuva varre a molecada
Da rua e do céu.

 
                               poema de 2007

NUVEM

Urubus plainam
Cirandam
Avistam
Farejam
Caças bombardeios
Moscas sobre o charque
Meninos em tiroteios...

Urubus em círculos
Farejam carniceiros
Avistam o ataque
Caçam a seca
Cirandam túmulos
Cobrem a morte
Deixam a caveira.

Trajados a rigor
- Paletós e cachecóis
Melancólicos
Agouro e fedor
Tapurus... Autópsia...
Vivem de óbitos
  São luto no céu.  

domingo, 2 de fevereiro de 2014

ESPELHO DO BANHEIRO

Teu rosto
No espelho
No espelho
Rosto meu.

Penetro
Teu rosto
Me aperta
Rosto meu.

Duro duro
Teu rosto
Molhadinha
Rosto meu.

Acelero
No espelho
Se arreganha
Rosto teu.

Se contrai
No espelho.
Ejacula
Rosto meu.

Amoleço
No espelho
No cio
Rosto teu.

Uma cadela
  No espelho. 
De cachorro
Rosto meu.