quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

PANETONE

O panetone está no centro da mesa
Com seu aspecto de oca.
Com frutas cristalizadas entranhadas,
O panetone ganha o aspecto de mina
Escavada a cada mordida,
A cada mão-picareta que garimpa seus cristais
Para comer, ou não comer,
Pois o melhor é a massa que derrete na boca
E esfarela caindo do canto da boca,
Passando pela gola da camisa,
Pelo decote da visita, pela calça nova
Até chegar ao chão.
Chão que hoje esconde em suas entranhas,
Feito fruta cristalina,
Vó Biluca
Que comia panetone com gula,
Com jazida e tudo mais;
 Tudo religiosamente na ceia
Ou escondida na cozinha
- Quiçá no quarto –,
Pois vó Biluca era muito religiosa
- até na hora de pecar?
E gula e diabetes
Não são bem vistas por Deus
Que hoje vê o panetone no centro da mesa 
Sem cobiça, sem mordida, sem vó Biluca.

Nenhum comentário:

Postar um comentário