domingo, 24 de janeiro de 2016

INSONE SOLIDÃO



Solitário, sou socorrido pelo soneto 
sonolento, leio lentamente o soneto 
silente, o soneto ressoa sonífero 
dormente, releio o soneto letárgico 
solícito, o soneto parece um sineiro 
sonâmbulo, releio o verso decassílabo 
simbólico, o verso conduz o diálogo 
combalido, releio o verso relido 
relido, o verso ressoa a sino.
Só, sonolento e suado, 
releio o soneto metrificado;
silente, solícito e relido, 
o soneto ecoa no vazio da casa vazia 
- fantasma alexandrino que, em demasia,
enche e enche até a boca minha cara 
com essa insone e viciante bebida 
rotulada COMPANHIA, 
quando o silêncio da solidão
repercute nos tacos do chão,
nas dobradiças rangendo aflição,
pesadelo que não me deixa dormir 
mesmo embriagado pela mesma página,
título, verso e métrica 
desse tranquilizante para elefante; 
vernáculo em manada; lira cetácea;
pugilista peso parnaso relido 
por um ermitão ferido na córnea, 
mas que não se dá por vencido.

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