Como
organismo vivo,
venosa
celuloide de negro plasma,
página
pele pálida
onde
parasitam tatuagens,
cirurgias,
brigas e o tempo.
Livro-me
de ti livro
como
água lavando a ferida,
como
tosse expulsando
o
sangue tuberculoso,
como
lágrima levando
do
organismo
estranho
organismo;
maligno
ser inoculado no peito
que
afeta também o pulmão:
livro,
deténs o meu livramento.
Guardas
nas entranhas meu fruto;
Digeres
o pão amassado pelo cão;
Esterilizas
a mordida no coração.
Livro,
companheiro de fossas
E conspirador
de revoluções,
guerrilheiro
quando a guerra
é
contra o mundo
quando
o mundo não é livro,
apenas
prateleira.
Livro,
lido com ti
E tua
sonífera presença;
Livro,
lido e relido,
Me
livro de ti.
Tua
epiderme será devorada
quando
devorado eu for pela terra
e
tuas folhas feridas por palavras
serão
adubo para damas da noite
- quiçá
torne-se trigo, meu livro -
e
enquanto houver um homem na terra,
lá
estarás em forma de título.
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