Estocado
O outono gela a água da pia
embaça o espelho do banheiro
acelera o rito do barbear
e amarela calçada e rua.
Onde está meu destino?
Passou por meu intestino?
De jaqueta, me escondo na sombra
pro sol não me dá motivo.
Espero um amigo antigo
pois estou ficando antigo
e logo serei obsoleto
e tratado como tinto estocado.
Mas os jovens não são enólogos
então sirvo-lhes versos em flor
para que fiquem de fogo
e se lembrem no inverno.
Serei licor quando inverno,
apaixonante quando velho,
espumante pós guerra
e verão contra o terno.